30 julho 2008

Os aparelhos de eletroestimulação realmente fortalecem os músculos?

O efeito é mínimo e sua utilização só faz sentido no tratamento de músculos deficientes, em clínicas de fisioterapia. "Usamos a eletro-estimulação para auxiliar a recuperação de membros debilitados por fraturas, traumas ou lesões nervosas periféricas", afirma a fisioterapeuta Vera Roncate, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. No caso de uma pessoa saudável mas de vida sedentária, as contrações provocadas pela aplicação de corrente elétrica nos músculos podem deixá-los um pouco mais tonificados depois de algumas sessões – e só. A partir desse ponto, só o esforço físico poderá desenvolvê-los de fato. E se a intenção é perder peso, a eletro-estimulação de nada adianta.
Nos Estados Unidos, os fabricantes de aparelhos comercializados para uso caseiro, com a finalidade de substituir exercícios de musculação, estão, inclusive, sendo alvo de ações da Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission – FTC), sob a acusação de propaganda enganosa. Essa investigação chamou a atenção, no Brasil, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que acaba de baixar uma resolução proibindo sua venda.

É verdade que diabéticas não podem tomar pílula anticoncepcional?

Essa proibição só fazia sentido até meados da década de 90, quando surgiram as pílulas modernas, de baixa dosagem hormonal. "O problema das pílulas anteriores era que o excesso de hormônios sexuais dificultava a ação da insulina, hormônio responsável pela absorção de açúcar no organismo", afirma a endocrinologista Karla Mello, do Hospital das Clínicas, em São Paulo, especializada no tratamento de diabete. A pessoa que sofre dessa doença produz pouca ou nenhuma insulina, o que impede as células do corpo de absorverem açúcar na quantidade necessária para o bom funcionamento do organismo. As conseqüências vão de uma magreza excessiva à aterosclerose (obstrução dos vasos sangüíneos) e, para evitá-las, muitos pacientes precisam receber injeções de insulina praticamente todos os dias.
A ciência ainda não descobriu exatamente por que os hormônios sexuais atrapalham as reações químicas que fazem a insulina digerir o açúcar no interior das células, mas pelo menos conseguiu fabricar anticoncepcionais que não interferem nesse processo. "Em baixas dosagens, esse efeito prejudicial dos hormônios sexuais é facilmente controlável, quando não imperceptível", diz Karla.

Como é feita a perícia de identificação de voz?

Primeiro, o perito verifica a autenticidade da gravação. Falsificações costumam ser denunciadas por cortes de edição, inserção de palavras ou diferenças de entonação. Depois vem a filtragem das freqüências sonoras, em um software, para remover ruídos e isolar a voz que interessa. Isso facilita a transcrição da fala, que servirá de guia. "Aí começa a identificação propriamente dita, em duas etapas. A primeira é a comparação auditiva, de ouvido mesmo. A segunda é a comparação visual, através de gráficos produzidos por aparelhos", afirma o lingüista Ricardo Molina, da Unicamp, responsável por reconhecer o cantor Belo em conversa com um traficante, e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães em telefonemas sobre a quebra de sigilo do painel eletrônico de votação do Senado.
A comparação auditiva observa o que os especialistas chamam de parâmetros da fala: de características culturais, como sotaque e vocabulário, às pessoais, como respiração e entonação, incluindo traços como rouquidão e língua presa. Já a comparação visual utiliza o chamado espectrograma, espécie de raio X das ondas sonoras, antes produzido pelo espectrógrafo de som (desenvolvido na década de 40) e hoje substituído pelo computador. Essa segunda etapa serve mais para tirar dúvidas e confirmar as primeiras impressões. "Ao contrário do que se pensa, a identificação não é um processo mecanizado, mas uma análise lingüística em que o mais importante é a competência e a experiência auditiva do perito", diz Ricardo.

Em ambas as telas, o computador mostra o espectrograma de alguém pronunciando uma palavra de cinco sílabas ("laboratório"), mas as vozes são de pessoas diferentes.

As diferenças, imperceptíveis para o ouvido, aparecem nas cores (o violeta representa entonação mais intensa) e na altura dos sinais (a voz da direita é mais aguda).

24 julho 2008

Luz: a nova vilã

Em junho, a República Checa proibiu toda iluminação externa que não for realmente necessária. Os checos deram um passo à frente num assunto que está começando a freqüentar as conversas dos ambientalistas: a poluição luminosa. Relegada a segundo plano durante décadas, só agora ela parece atrair a atenção de cientistas. Há poucas pesquisas a respeito, mas todas revelam efeitos nefastos do excesso de luz. "Os luminosos de hotéis e outros estabelecimentos nas praias têm causado a morte de muitos filhotes de tartarugas do mar", disse à revista americana Science News o biólogo Michael Salmon, da Universidade Atlântica da Flórida. Segundo ele, com a luminosidade as tartarugas recém-nascidas se confundem e passam a caminhar sem rumo, em vez de ir para o oceano. Com isso, muitas amanhecem na areia e morrem torradas pelo sol, devoradas por predadores ou atropeladas nas estradas do Estado. No caso das aves, uma experiência realizada pela Universidade de Clemson, na Carolina do Sul, sugeriu que algumas espécies perdem o senso de orientação em vôos noturnos quando há luzes avermelhadas à vista – como em antenas de TV. Um forte indício disso está num levantamento feito por um grupo ambientalista usando o Newell's shearwater – ave marinha prima do feiticeiro-do-mar, comum na costa brasileira. Nada menos que 10% da população morre em colisões com torres, antenas e prédios no Havaí. Pense nisso antes de acender a luz do quintal.

Homem também tem TPM

Não é só o humor feminino que varia à mercê dos hormônios. O pesquisador Gerald Lincoln, do Conselho de Pesquisa Médica de Edimburgo, Escócia, acaba de descobrir uma anomalia hormonal masculina que ele batizou de Síndrome do Homem Irritável (SHI), uma espécie de equivalente masculino da velha conhecida Tensão Pré-Menstrual (TPM). Lincoln encontrou a síndrome em carneiros – no inverno, o nível de testosterona desses animais cai mais de 90% e, como resultado, eles ficam agressivos, irritados, confusos e extremamente emotivos. Mais ou menos os sintomas da TPM. Isso surpreendeu os cientistas porque geralmente se acredita que agressividade está associada a altos níveis de testosterona. Agora, Lincoln está tentando confirmar sua hipótese de que a SHI afeta também humanos – e de que muitos homens com diagnóstico de depressão precisam apenas de uma reposição hormonal para se sentirem melhor. Segundo ele, a SHI é causada por fatores emocionais e estresse, que derrubam os níveis de testosterona.

O que são os lactobacilos vivos?

Bactérias dentro do nosso corpo nem sempre são sinal de doença. Muito pelo contrário: cada milímetro quadrado de um intestino saudável deve ter cerca de 10 bilhões de microorganismos vivendo nele para funcionar corretamente. Essa é a chamada flora intestinal, que, em muitos casos, têm seu número reduzido, seja por alguma enfermidade seja pelo uso de antibióticos. Isso não apenas dificulta a digestão, como torna o aparelho digestivo vulnerável ao ataque de microorganismos nocivos. É aí que entram os tais lactobacilos, para ajudar a combater essa carência da flora intestinal. "As bactérias do gênero lactobacillus não são as mais numerosas, mas têm uma grande vantagem: podem ser ingeridas e ainda chegar vivas ao intestino, atravessando sem problemas o estômago, ambiente ácido onde a maioria dos microorganismos não sobrevive", diz o microbiologista Pedro Arcuri, da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), em Juiz de Fora, MG.
Uma vez no intestino, esses seres se reproduzem com grande rapidez e ainda criam um ambiente propício para que outras bactérias benignas possam se estabelecer ali. "Como se não bastasse, eles produzem um muco que protege as vilosidades (pequenas dobraduras) intestinais e também sintetizam parte das vitaminas do complexo B de que necessitamos", afirma Pedro. Os lactobacilos podem ser encontrados no leite que acabou de sair da vaca, mas não estão presentes no leite pasteurizado que encontramos à venda.

22 julho 2008

É verdade que os tenistas têm um braço maior que o outro?

É, sim – mas não o braço todo, apenas o antebraço, que pode engrossar em até 30%. "Acontece o que chamamos de hipertrofia do lado dominante: o antebraço usado pelo atleta cresce bastante em massa muscular e um pouco em densidade óssea", afirma o professor de tênis Ludgero Braga Neto, da Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). A razão óbvia é a repetição freqüente dos mesmos movimentos, mas pouca gente sabe que os ossos também aumentam junto com os músculos, numa proporção de até 5%. "Isso costuma ocorrer em regiões estimuladas por contrações musculares intensas", diz o ortopedista Rogério Teixeira, da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). Para amenizar a diferença, os fisioterapeutas recomendam, para o outro braço, treinos compensatórios que vão da natação à musculação.

Apesar de ocorrer em praticantes de qualquer idade, a variação é mais visível em tenistas que jogam desde a adolescência, fase de crescimento em que o corpo desenvolve mais as partes que fazem esforço. Basta o atleta parar de treinar para perder gradativamente essa desproporção.

1. O aumento total do antebraço que segura a raquete pode chegar a 30% – dos quais 25% na massa muscular e 5% na densidade dos ossos rádio e ulna

2. Todos os músculos do antebraço sofrem a chamada hipertrofia, mas três grupos respondem pela maior massa: extensores, flexores e pronadores

3. Os músculos extensores (como o bráquio radial, o extensor curto do polegar e o extensor do carpo) e os músculos flexores (como o flexor do carpo e os dos dedos) são responsáveis por abaixar e levantar o punho

4. Os músculos pronadores (como o pronador, próximo do cotovelo, e o pronador quadrado, ou carpo, próximo do punho) são responsáveis por girar o antebraço, virando a palma da mão para cima e para baixo

19 julho 2008

É verdade que o o amianto, usado em caixas d’água, é cancerígeno?

Sim, ele é responsável por diversos tipos de câncer, que atacam principalmente o aparelho respiratório. Uma vez dentro do corpo humano, as fibras microscópicas do pó de amianto nunca mais são eliminadas. Além de serem imunes às células de defesa do nosso corpo, essas fibras estimulam as mutações celulares, que são a origem dos tumores. "Mas o risco surge apenas quando o material é partido, rachado ou danificado, e seu pó liberado no ambiente. Beber água de uma caixa d’água de amianto não é perigoso", afirma o médico ocupacional Phil Landrigan, da Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova York. Mineradores, trabalhadores da construção civil e outros profissionais que precisam manipular o amianto são os mais afetados, pois o câncer só ocorre após longos períodos de exposição. "Os sintomas podem levar até 50 anos para aparecer", diz o toxicologista Peter Wardenbach, do Instituto Federal de Segurança Ocupacional e Saúde da Alemanha.
Nas últimas décadas, o amianto foi amplamente utilizado devido às suas inúmers qualidades, como resistência ao fogo e à corrosão, pouco peso e baixo custo de produção. Hoje, porém, já foi banido dos Estados Unidos e de quase toda a União Européia. No Brasil, sua utilização ainda é permitida, mas tramita no Congresso Nacional um projeto para que ela diminua progressivamente e seja totalmente abolida.

Em que os ovos caipiras são diferentes dos outros?

Eles são cerca de 30% menores, têm a casca mais grossa e a cor da gema mais escura – de um alaranjado forte, em comparação com o amarelo claro dos ovos de granja. "São apenas diferenças superficiais: em termos nutricionais ambos são idênticos", afirma o melhorista genético Vicente José Maria Savino, da Escola Superior Agrícola Luiz de Queiroz (ESALQ), em Piracicaba, São Paulo. Essas características indicam simplesmente que a galinha não foi estimulada a botar mais ovos do que o normal e que houve mais tempo para a formação deles – ao contrário das aves de granja, que, confinadas em ambientes iluminados 24 horas por dia, são artificialmente induzidas a produzir mais ovos. A verdadeira diferença está, portanto, na galinha. A caipira é criada solta – por isso, fica menos gorda e tem acesso a uma alimentação mais variada (de besouros, larvas e minhocas a frutas, verduras, capim e grãos de milho), enquanto a de granja só come ração.
Tudo isso faz com que as galinhas caipiras ponham cerca de 80 ovos por ano e seus frangos atinjam o ponto de corte aos 60 dias de vida, enquanto as de granja põem em torno de 300 ovos por ano e seus frangos estão prontos para serem abatidos com apenas 45 dias.

16 julho 2008

Qual é a diferença entre a gasolina comum e a aditivada?

Ela está, obviamente, nos aditivos: agentes químicos que variam de uma marca comercial para outra, tanto nos ingredientes da fórmula quanto na proporção em que são misturados. Além disso, as distribuidoras costumam acrescentar corantes para distinguir um tipo do outro. Os aditivos em si são classificados conforme sua ação específica, mas, de uma maneira geral, todos têm a mesma função: manter limpas as partes do automóvel por onde passa gasolina – o chamado sistema de alimentação. Removendo os depósitos de sujeira que se acumulam naturalmente nesse sistema, eles melhoram o desempenho do motor e diminuem a emissão de poluentes. "Assim, conserva-se o sistema de alimentação do veículo em boas condições por mais tempo, reduzindo os gastos com consumo e manutenção", diz o engenheiro André Fachetti, gerente de combustíveis do Centro de Pesquisas da Petrobrás, no Rio de Janeiro.
Em carros novos, pode-se encher o tanque com gasolina aditivada desde o primeiro abastecimento – mas em veículos que tenham rodado mais de 30 000 quilômetros com o combustível comum, a mudança deve ser feita gradativamente. "Isso porque o aditivo detergente é muito forte e remove os resíduos antes que o dispersante quebre suas partículas maiores, entupindo o sistema", afirma Gilberto Pose, também engenheiro, chefe de combustíveis da Shell Brasil.

ADITIVO- DETERGENTE
EFEITOS - É o componente principal da gasolina aditivada. Remove a sujeira acumulada nas partes do carro onde passa a gasolina, além de inibir o acúmulo de novos resíduos

ADITIVO- DISPERSANTE
EFEITOS - Quebra as partículas de sujeira, evitando que flocos maiores entupam o sistema de filtragem de gasolina

ADITIVO- ANTIOXIDANTE
EFEITOS - Retarda o envelhecimento da gasolina, devido à oxidação provocada pela presença de oxigênio e calor

ADITIVO- ANTICORROSIVO
EFEITOS - Usado só no Brasil, devido à adição de álcool à gasolina brasileira. O álcool melhora a qualidade do combustível, mas também é um agente corrosivo – daí o acréscimo do anticorrosivo

O berro da torcida faz a diferença !
O psicólogo do esporte Alan Nevill, da Universidade Wolverhampton, Inglaterra, colocou 11 técnicos, jogadores e árbitros para julgar os replays de 52 disputas de bola. Eram os lances mais polêmicos de uma partida realizada na França entre o time da casa, o Lens, e o Panathinaikos, da Grécia. Metade do grupo analisava as jogadas ouvindo o som dos 40 000 torcedores presentes no estádio. O resto assistia ao vídeo sem áudio. Ao final, o grupo que escutava a torcida marcou as faltas de um jeito bem parecido com o juiz da partida – 60% dos ataques do time visitante foram paralisados. Já o outro grupo só penalizou 38% das descidas do Panathinaikos. O pesquisador concluiu que os gritos da multidão alteram o estado emocional do juiz e funcionam como uma segunda opinião na hora de decidir as dúvidas. Está provado: berrar da arquibancada influencia a arbitragem – solte os pulmões, amigo!
Língua plesa

Dezenas de sul-coreanos estão fazendo cirurgias para aprender inglês. Na esperança de falar rice (e não "lice"), eles cortam a membrana que une a língua à parte de baixo da boca, para dar a ela mais mobilidade. Segundo especialistas, a única mudança que a operação traz na maioria dos casos é aumentar a língua em alguns milímetros.

Como é feito o vidro blindado?

Como um sanduíche – no qual o vidro faz o papel do pão e o recheio é formado de plástico ou resina sintética. O número de camadas, sua espessura e a composição dos materiais varia conforme o calibre das balas que ele deverá suportar. "A resina e o plástico servem tanto para colar um vidro no outro quanto para amortecer o impacto da bala e impedir que o vidro se estilhace", diz o industrial Nelson Simões, fabricante de vidros blindados. Depois de pronto, o produto vai para o teste: é literalmente metralhado. Se passar nessa prova, a receita está aprovada para aquele calibre específico.
1. A camada de vidro externa é a primeira proteção. O impacto de uma bala é semelhante à ação de uma furadeira: o projétil chega em alta rotação e alta velocidade. Mas, como o vidro é um material abrasivo, consegue corroer e deformar a bala.
2. Em seguida, há a camada de resina ou plástico, que atua como amortecedora, reduzindo a velocidade e a força da bala, até paralisá-la.
3. A última camada de vidro nunca é atingida pela bala, mas pode se estilhaçar devido à propagação da energia provocada pelo seu impacto. Por isso, o vidro blindado termina em uma fina película plástica, para prender os estilhaços e impedir que atinjam alguém.

Por que salivamos diante de uma comida apetitosa?

Isso acontece porque o organismo já está se preparando antecipadamente para a digestão. A visão do prato e seu cheiro estimulam o cérebro, que, por sua vez, aciona as glândulas produtoras de saliva, secreção que tem a função de ajudar o aparelho digestivo a decompor a comida ingerida. Essa reação é um exemplo de reflexo condicionado, descoberto pelo fisiologista russo Ivan Pavlov (1849-1936) em um experimento clássico. Toda vez que alimentava um cão com um pedaço de carne, Pavlov fazia soar antes uma campainha. Resultado: sempre que ouvia esse som, o cachorro começava a salivar, mesmo sem ver a carne nem sentir seu cheiro, prova de que havia sido criada, em seu cérebro, uma associação entre a campainha e a hora em que o alimento era servido.
O curioso é que a quantidade de salivação varia de acordo com o estado motivacional da pessoa. "Um indivíduo faminto tende a salivar muito mais diante de um prato de comida do que alguém com menos fome", afirma a fisiologista Sara Shammah Lagnado, da Universidade de São Paulo (USP).

Por que os gatos têm medo de água?

O ancestral do gato doméstico (uma espécie selvagem conhecida como Felis lybica) veio do norte da África, região dominada pelo deserto do Saara. "A aridez do seu hábitat não permitiu que ele desenvolvesse habilidade para o contato com a água, por isso seus descendentes têm menos afinidade com esse meio do que outros felinos. A onça, por exemplo, caça jacarés até dentro d’água", afirma o veterinário Gelson Genaro. Caçadores noturnos, os gatos têm que confiar a todos os sentidos o sucesso da sua caça, porque – mesmo com a visão especialmente adaptada à escuridão – a baixa luminosidade atrapalha na identificação da presa. "Quando molhados, os gatos sentem frio e perdem sensibilidade, principalmente no tato, um incômodo que atrapalha sua concentração na hora de buscar alimento", diz outro veterinário, Mauro Lantzman.
Apesar da falta de intimidade entre os bichanos e a água, o famoso banho de gato – que ele mesmo se aplica, lambendo-se cuidadosamente – pode ser complementado com banhos convencionais quando necessário, contanto que o animal seja acostumado ao contato com a água desde filhote.

14 julho 2008

O que é a catalepsia?

É um distúrbio que impede o doente de se movimentar, apesar de continuarem funcionando os sentidos e as funções vitais (só um pouco desaceleradas). "A pessoa fica parecendo uma estátua de cera. Se ela estiver sentada e alguém posicionar seu braço para cima, ela permanecerá assim enquanto durar o surto", afirma o neurocientista Ivan Izquierdo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O ataque cataléptico pode durar de minutos a alguns dias e o que mais aflige quem sofre da doença é ver e ouvir tudo o que acontece em volta, sem poder reagir fisicamente. As causas, porém, ainda são um mistério, apesar de não faltarem hipóteses e especulações. "A origem do problema pode ser tanto externa – como um traumatismo craniano – , quanto congênita – má formação em alguma região cerebral", diz o neurologista Vanderlei Cerqueira Lima, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Qual é a diferença entre a dengue comum e a hemorrágica?

Ambas são causadas pelo mesmo vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. A chamada dengue clássica na maioria dos casos não apresenta grandes problemas além de febre e dores, pois os próprios glóbulos brancos – nossas células de defesa – são capazes de eliminar a virose. Já a dengue hemorrágica pode até matar e, com raríssimas exceções, só ocorre nos casos reincidentes da doença. Isso porque existem quatro tipos diferentes do vírus da dengue: quem é infectado por um deles desenvolve anticorpos permanentes contra esse tipo específico, mas continua vulnerável aos demais. Se surge uma segunda contaminação, a doença torna-se muito mais violenta, acompanhada – por estranho que pareça – de uma produção anormal de anticorpos. "Esse paradoxo ainda é um mistério para nós.
Mas o número exagerado de células de defesa aumenta também a quantidade de outras substâncias naturalmente liberadas durante o processo infeccioso, que acabam causando lesões nas paredes dos vasos sangüíneos", diz o infectologista Luiz Jacintho da Silva, superintendente de Controle de Endemias da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Como o vírus destrói as plaquetas – células sangüíneas responsáveis pela cicatrização –, esse sangramento interno (a hemorragia propriamente dita) não é estancado. Isso faz cair a pressão arterial, levando à insuficiência circulatória, que pode ser fatal.

11 julho 2008

Limpando com cocô

Para eliminar as enormes quantidades de ferro e cádmio presentes na água distribuída em La Paz, capital da Bolívia, os cientistas estão apelando para uma das substâncias mais abundantes na região: fezes de lhama. Eles afirmam que os excrementos do animal são hábitat de bactérias que retiram os metais da água.

O que acontece com a orelha dos lutadores de Jiu-jitsu?


De tão deformada, ela fica parecendo uma couve-flor! Isso ocorre devido aos atritos e esmagamentos sofridos continuamente durante treinos e lutas, seja contra o chão, seja contra o braço do adversário, quando esse agarra o lutador pelo quimono. "Esses traumas criam hematomas entre a cartilagem, que é o principal componente da orelha, e a capa de pele que a protege, separando uma da outra e resultando em sua desfiguração", afirma Gilberto Formigone, otorrinolaringologista-chefe do Hospital das Clínicas de São Paulo. Existem protetores acolchoados especiais para evitá-la, mas a orelha em couve-flor se tornou tão evidente como marca registrada dos lutadores que entrou na moda, a ponto de alguns praticantes usarem alicates para acelerar o processo de deformação. Instalado o hematoma, a única maneira de corrigir a lesão é drenar o sangue e colar a cartilagem à membrana.
Se isso não for feito imediatamente, só restará a cirurgia plástica e, mesmo assim, dificilmente a orelha recuperará seu formato original. Mas o problema não é apenas estético."Além de dolorosa, essa condição diminui a capacidade do lutador e deixa a região vulnerável a infecções", diz João Gilberto Carazzato, chefe do Departamento de Medicina Esportiva do mesmo Hospital das Clínicas.

Pilhas usadas são lixo radioativo?

Não, elas não emitem radioatividade – mas, mesmo assim, constituem um lixo perigoso à natureza e à saúde humana. O maior problema são as pilhas fabricadas com grandes quantidades de metais pesados como cádmio, mercúrio, chumbo e seus compostos. Essas substâncias são altamente tóxicas – algumas até cancerígenas, de efeito cumulativo no organismo – e, dependendo da concentração, podem causar, a longo prazo, complicações respiratórias e renais. Misturadas ao lixo doméstico em aterros comuns, elas contaminam o solo, lençóis de água subterrâneos e lavouras. "A situação melhorou um pouco nos últimos tempos, pois vêm sendo produzidas pilhas com menores concentrações desses metais – como as alcalinas, cujos resíduos são bem menos tóxicos para o ambiente", diz Zilda Velloso, coordenadora do Departamento de Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em compensação, a lei que deveria nos proteger desses venenos não é cumprida.

07 julho 2008

É verdade que não se deve misturar bebidas alcoólicas e antibióticos?


É, sim. E, além disso, o consumo de álcool é desaconselhado também para quem estiver tomando analgésicos ou antiinflamatórios. O motivo não está na interação química entre os remédios e a bebida – e, sim, numa questão mais prosaica. "O álcool inibe a produção do hormônio antidiurético HDA. Com isso, o indivíduo urina mais, eliminando com maior rapidez qualquer medicamento que estiver circulando pela corrente sangüínea", afirma o médico farmacologista Sérgio Ferreira, pesquisador da USP. No caso do antibiótico, cuja concentração no sangue deve ser mantida estável para combater a infecção, isso reduz o efeito do remédio. Se a infecção for urinária, há ainda outro agravante: as bebidas alcoólicas irritam os canais que conduzem a urina e pioram a doença.
Para aqueles que diante de uma cervejinha esquecem qualquer doença, resta um último aviso: alguns antibióticos – como a tetraciclina – e outros medicamentos antiinfecciosos impedem que o álcool seja metabolizado. O resultado é uma série de sintomas muito conhecidos pelos bons de copo: uma baita ressaca.

Qual é a diferença entre as hepatites A, B e C?

Para começo de conversa, qualquer inflamação no fígado provocada por substâncias químicas ou microorganismos é chamada de hepatite. Aquelas causadas por vírus são classificadas como A, B, C, D, E, F e G. "Cada uma dessas letras corresponde a um tipo de vírus que ataca o fígado de forma diferente. Algumas são curadas naturalmente pelo corpo, outras podem se tornar crônicas e até matar", diz o gastroenterologista Mário Kondo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). As mais comuns são justamente as hepatites A, B e C.

Hepatite A
Contágio - Por via oral, principalmente água contaminada
Sintomas - Náuseas, vômito, diarréia, cor amarelada na pele e na parte branca dos olhos (chamada de esclera) e escurecimento da urina
Tratamento - Em 99% dos casos, ela é curada naturalmente pelo organismo em duas ou três semanas. Já existe vacina contra ela

Hepatite B
Contágio - Pelo sangue (seringas não esterilizadas) e principalmente por contato sexual
Sintomas - Os mesmos da hepatite A: náuseas, vômito, diarréia, cor amarelada na pele e na parte branca dos olhos e escurecimento da urina
Tratamento - Em 50% dos casos, ela desaparece naturalmente. Nos outros 50%, se torna crônica, mas já existem remédios eficazes

Hepatite C
Contágio
- Pelo sangue e por contato sexual
Sintomas - Os mesmos da hepatite A: náuseas, vômito, diarréia, cor amarelada na pele e na parte branca dos olhos e escurecimento da urina
Tratamento - Não existe vacina e, em 80% dos casos, ela se torna crônica. Os medicamentos atuais somente são eficazes em metade dessas incidências