30 julho 2008

Como é feita a perícia de identificação de voz?

Primeiro, o perito verifica a autenticidade da gravação. Falsificações costumam ser denunciadas por cortes de edição, inserção de palavras ou diferenças de entonação. Depois vem a filtragem das freqüências sonoras, em um software, para remover ruídos e isolar a voz que interessa. Isso facilita a transcrição da fala, que servirá de guia. "Aí começa a identificação propriamente dita, em duas etapas. A primeira é a comparação auditiva, de ouvido mesmo. A segunda é a comparação visual, através de gráficos produzidos por aparelhos", afirma o lingüista Ricardo Molina, da Unicamp, responsável por reconhecer o cantor Belo em conversa com um traficante, e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães em telefonemas sobre a quebra de sigilo do painel eletrônico de votação do Senado.
A comparação auditiva observa o que os especialistas chamam de parâmetros da fala: de características culturais, como sotaque e vocabulário, às pessoais, como respiração e entonação, incluindo traços como rouquidão e língua presa. Já a comparação visual utiliza o chamado espectrograma, espécie de raio X das ondas sonoras, antes produzido pelo espectrógrafo de som (desenvolvido na década de 40) e hoje substituído pelo computador. Essa segunda etapa serve mais para tirar dúvidas e confirmar as primeiras impressões. "Ao contrário do que se pensa, a identificação não é um processo mecanizado, mas uma análise lingüística em que o mais importante é a competência e a experiência auditiva do perito", diz Ricardo.

Em ambas as telas, o computador mostra o espectrograma de alguém pronunciando uma palavra de cinco sílabas ("laboratório"), mas as vozes são de pessoas diferentes.

As diferenças, imperceptíveis para o ouvido, aparecem nas cores (o violeta representa entonação mais intensa) e na altura dos sinais (a voz da direita é mais aguda).

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