Os vegetais são capazes de analisar o ambiente, aprender com os erros,
memorizar informações e tomar decisões para garantir a sobrevivência –
por que então não considerá-los inteligentes? É o que tem se perguntado
um grupo cada vez maior de cientistas. Para eles, a inteligência
é uma propriedade das células, uma conseqüência das conexões entre as
várias partes de cada planta. “Só nos animais mais evoluídos a inteligência
se concentra no cérebro. Nos vegetais, ela está espalhada em todos os
tecidos”, diz o bioquímico Antony Trewavas, da Universidade de
Edinburgo, Escócia, um dos maiores defensores da idéia.
Onde está a inteligência das plantas?
Reconhecimento do ambiente
Plantas conseguem identificar outras ao redor. Raízes em crescimento
evitam deliberadamente se aproximar de outros vegetais e procuram a
parte do solo menos ocupada. Quando não há mais saída e o contato com
outras plantas começa a ser forçado, as raízes simplesmente param de
crescer.
Planejamento
Vegetais são capazes de calcular quantos recursos terão no futuro. Em
laboratório, árvores jovens receberam água apenas 1 vez por ano. A
partir daí, aprenderam a prever quando haveria água e sincronizaram seu
crescimento com a presença dela. O podofilo, arbusto da América do
Norte, avalia o ambiente e decide com 2 anos de antecedência a melhor
forma de desenvolver seus galhos e se reproduzir.
Capacidade de decisão
A cuscuta, um tipo de trepadeira com várias espécies nativas do
Brasil, não faz fotossíntese e precisa se enrolar em outras plantas para
sugar nutrientes. A decisão de quem parasitar é tomada após algumas
horas de contato e o critério é a relação custo-benefício. Ela calcula
quantas vezes precisará se enrolar (gasto de energia) e a quantidade de
nutrientes que irá obter (ganho de energia). A planta não parasita a si
mesma, o que indica auto-reconhecimento.
Aprendizagem e memória
Em laboratório, cientistas criaram ambientes anormais para as plantas
aplicando diferentes concentrações de herbicidas. Cada vez que a
situação mudava, o crescimento dos vegetais desacelerava, mas se
recuperava logo em seguida. O “aprendizado” ocorre por conta do aumento
do fluxo de informação nos caminhos de sua rede metabólica, resultando
na formação de novas conexões entre os prolongamentos de cada célula.
Essas ligações são as próprias “lembranças” da árvore e, quanto mais
elas duram, maior a memória que ela tem. Nas plantas estudadas, esse
período variou desde poucos segundos até vários meses.
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