12 outubro 2011

Q.I. de samambaia

Os vegetais são capazes de analisar o ambiente, aprender com os erros, memorizar informações e tomar decisões para garantir a sobrevivência – por que então não considerá-los inteligentes? É o que tem se perguntado um grupo cada vez maior de cientistas. Para eles, a inteligência é uma propriedade das células, uma conseqüência das conexões entre as várias partes de cada planta. “Só nos animais mais evoluídos a inteligência se concentra no cérebro. Nos vegetais, ela está espalhada em todos os tecidos”, diz o bioquímico Antony Trewavas, da Universidade de Edinburgo, Escócia, um dos maiores defensores da idéia.

Onde está a inteligência das plantas?

Reconhecimento do ambiente
Plantas conseguem identificar outras ao redor. Raízes em crescimento evitam deliberadamente se aproximar de outros vegetais e procuram a parte do solo menos ocupada. Quando não há mais saída e o contato com outras plantas começa a ser forçado, as raízes simplesmente param de crescer.

Planejamento
Vegetais são capazes de calcular quantos recursos terão no futuro. Em laboratório, árvores jovens receberam água apenas 1 vez por ano. A partir daí, aprenderam a prever quando haveria água e sincronizaram seu crescimento com a presença dela. O podofilo, arbusto da América do Norte, avalia o ambiente e decide com 2 anos de antecedência a melhor forma de desenvolver seus galhos e se reproduzir.

Capacidade de decisão
A cuscuta, um tipo de trepadeira com várias espécies nativas do Brasil, não faz fotossíntese e precisa se enrolar em outras plantas para sugar nutrientes. A decisão de quem parasitar é tomada após algumas horas de contato e o critério é a relação custo-benefício. Ela calcula quantas vezes precisará se enrolar (gasto de energia) e a quantidade de nutrientes que irá obter (ganho de energia). A planta não parasita a si mesma, o que indica auto-reconhecimento.

Aprendizagem e memória
Em laboratório, cientistas criaram ambientes anormais para as plantas aplicando diferentes concentrações de herbicidas. Cada vez que a situação mudava, o crescimento dos vegetais desacelerava, mas se recuperava logo em seguida. O “aprendizado” ocorre por conta do aumento do fluxo de informação nos caminhos de sua rede metabólica, resultando na formação de novas conexões entre os prolongamentos de cada célula. Essas ligações são as próprias “lembranças” da árvore e, quanto mais elas duram, maior a memória que ela tem. Nas plantas estudadas, esse período variou desde poucos segundos até vários meses.

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