O mundo seria bem menos nojento – essa é a opinião de muita gente. Mas pense bem: as conseqüências ruins seriam maiores que as boas. Lembre-se das aulas na escola sobre equilíbrio ecológico. Baratas, ratos, moscas e mosquitos são elos fundamentais da cadeia alimentar da qual você também faz parte. Por mais estranha que a idéia possa parecer, sua vida depende dos pernilongos.
Na cidade, a falta desses bichos talvez não causasse tanto sofrimento a curto prazo. Doenças como a leptospirose e a peste bubônica, transmitidas por ratos, não seriam mais um problema. Com a ausência de baratas e moscas, nos alimentaríamos com mais segurança – elas freqüentam tanto ambientes contaminados como a despensa, transportando bactérias causadoras de enfermidades. “Até a telefonia seria mais eficiente, já que os cabos não seriam mais roídos por ratazanas”, diz Francisco Zorzenon, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo. E quer coisa melhor do que não precisar levar repelente à praia?
Esse paraíso seria seriamente ameaçado pelo desequilíbrio ambiental. Odair Correa Bueno, do Centro de Estudo de Insetos Sociais da Unesp, dá um exemplo: “Larvas de mosquitos se alimentam de partículas em suspensão na água e também servem de comida para peixes. Sem essas larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios e faltaria alimento para os peixes”. Também teríamos menos plantas nas florestas. “Algumas moscas ajudam na polinização, assim como as abelhas”, afirma Sérgio Bocalini, biólogo da Associação Paulista dos Controladores de Pragas Urbanas.
Uma das previsões mais apavorantes diz que, sem esses animais, outros tomariam o lugar deles nas cidades – morcegos, pombos e gambás são os mais prováveis. Agora diga o que você acha pior: dar uma chinelada numa baratinha petulante ou ter que passar a noite desviando de um morcego que invadiu seu quarto?
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