17 agosto 2009

Matéria de 1977 já falava sobre a Gripe Suina

Matéria da Revista Despertai 22 de maio de 1977. Enviado por Vicente Moreira.

Milhões foram inoculados contra a gripe suína — por quê?
OS QUE residem nos Estados Unidos acharam-se envolvidos no que poderia ser a maior campanha de saúde pública já realizada naquele país. Em 12 de agosto de 1976, o então presidente dos EUA, Gerald Ford, assinou um projeto de lei que determinava um programa nacional de vacinação contra a gripe suína. No início de abril, a Comissão de Orçamento da Câmara já aprovara os gastos de US$ 135 milhões com a campanha de vacinação. O governo planejava adquirir a vacina dos fabricantes e, então, tornar as injeções disponíveis a todos os 215 milhões de norte-americanos.
Este programa suscitava várias indagações. Assim, alguns pontos básicos podem ser considerados com proveito.

Por Que Vacinar Pessoas Contra a Gripe Suína?
Na FDA Consumer, de maio de 1976, Timothy Larkin, assistente especial do Comissário do Departamento de Alimentos e Drogas, escreveu: “Quando nova variação do vírus da gripe é descoberta, amiúde ocorre grave surto na seguinte ‘época da gripe’. E quando nova variação parece ser parente próximo do vírus que grassava em todo o mundo em 1918-19, matando cerca de 20 milhões de pessoas, há motivo de preocupação — e de ação. É por isso que a FDA [Departamento de Alimentos e Drogas] acha-se à frente de um esforço sem precedentes de captar recursos e conhecimentos do governo, da indústria, e das classes sanitárias, a fim de produzir, distribuir, e administrar ao povo norte-americano uma vacina que seja capaz de impedir uma epidemia de gripe potencialmente perigosa.”
A inoculação com esta vacina visava impedir que a pessoa contraísse a gripe suína, oficialmente conhecida como vírus da influenza A/Nova Jérsei/76. A injeção faz com que o corpo do vacinado produza anticorpos para combater a doença, e espera-se que tal proteção comece cerca de duas semanas após a inoculação. Alguns peritos afirmam que tais vacinas são eficazes em 85 por cento, mas tem-se feito um cálculo até mesmo de 20 por cento. Poder-se-ia acrescentar que, visto haver vários tipos de gripe, a pessoa inoculada para certa variação não fica deste modo imune a outras variações.
Exige-se biblicamente que os cristãos se abstenham de comer sangue ou de usá-lo para nutrir o corpo ou para sustentar sua vida. (Atos 15:28, 29) No entanto, as vacinas não são feitas de sangue. Para obter informações adicionais sobre soros e vacinas, queira consultar a Despertai! de 22 de fevereiro de 1966, páginas 17 e 18.

O Que Suscitou Tal Programa?

Em 4 de fevereiro de 1976, o soldado David Lewis, recruta de 19 anos da base do exército de Fort Dix, Nova Jérsei, queixou-se de se sentir febril e sentia congestão nasal, garganta dolorida e dores de cabeça. Embora lhe fosse ordenado ficar no alojamento por quarenta e oito horas, e então apresentar-se para exame médico, este soldado de infantaria participou numa marcha na noite seguinte. Durante a marcha, desfaleceu e morreu pouco depois de chegar ao hospital da base. O esfregaço da garganta revelou a presença dum vírus semelhante a um tipo usualmente observado em porcos. Também, amostras de sangue de pessoas que sobreviveram à “gripe espanhola” de 1918-19 indicavam que o vírus atual se assemelhava ao que foi responsável por aquela devastadora epidemia.
Disse-se já haver doze casos confirmados de gripe suína em Fort Dix. No entanto, amostras de sangue foram tiradas de 10 por cento do pessoal militar ali lotado e fizeram-se testes. O Dr. Fred M. Davenport, da escola de saúde pública da Universidade de Michigan, relatou: “Havia evidência sorológica de mais de 500 casos de gripe suína entre recrutas de Fort Dix, num período de seis semanas.” Assim, o vírus se espalhara e mais de 500 pessoas evidenciavam ter ficado expostas a ele.
O surto de Fort Dix levou a debates entre peritos federais, estaduais e outros. Após considerar as recomendações feitas numa reunião com peritos médicos e de saúde, o então presidente dos EUA, Ford, em 24 de março de 1976 anunciou o programa de vacinação. Ao passo que havia incertezas quanto ao vírus, o famoso virólogo Dr. Edwin D. Kilbourne disse que a experiência demonstrara que o aparecimento duma grande mutação de gripe “proclama uma pandemia” ou epidemia mundial. Contendia ele: “A identificação duma nova variação de influenza em Fort Dix nos forneceu a oportunidade, pela primeira vez na história, de fazer algo de antemão sobre uma pandemia.”

Haverá Realmente Uma Pandemia de Gripe Suína?

Em realidade, ninguém pode ter certeza de que ocorrerá uma pandemia de gripe suína. Ainda assim, alguns arrazoam, como o Dr. Delano Meriwether, diretor do Programa Nacional de Imunização Contra a Influenza. Comentou ele: “Trata-se, essencialmente, dum jogo, baseado na probabilidade de algo acontecer, sem garantia de que aconteça. Acho que o povo norte-americano se sentirá mais confortável se lhe for dada a opção de vacinar-se.”
No início de junho, contudo, nenhum governo europeu tinha considerado a ameaça de grave surto de gripe suína como sendo substancial o bastante para a “vacinação em massa, embora a Grã-Bretanha, França, a União Soviética, e provavelmente outros estejam estocando a vacina”, noticiou o Times de Nova Iorque. O Dr. W. Charles Cockburn, diretor da Divisão de Doenças Transmissíveis da Organização Mundial de Saúde, indicou que, já então, a época da gripe tinha começado no hemisfério sul, mas que a gripe suína não tinha sido observada pelos centros de influenza em Nova Zelândia, Austrália e Cingapura. Também, os críticos mencionavam que nenhum dos 96 centros de controle da gripe tinham noticiado casos adicionais de influenza suína.

Voltou a “Gripe Espanhola”?

Certos despachos noticiosos iniciais relacionaram o surto de gripe de Fort Dix com “o espectro de 1918”, a chamada “gripe espanhola” que matou milhões. “Tem comprovadas similaridades”, escreve Barbara Yuncker, no Post de Nova Iorque, “mas ninguém dispõe de amostras do micróbio de 1918, assim ninguém sabe, realmente”. Boyce Rensberger relatou: “Até mesmo algumas das autoridades e de cientistas de fora, envolvidos na decisão de imunização, afirmam agora que a especulação inicial, de que o vírus de Fort Dix era similar ao vírus de 1918, era infundada e deveria ter sido refutada com mais vigor.” — Times de Nova Iorque, 23 de julho de 1976.

É Realmente Mortífera a Gripe Suína?

Uma morte, em Fort Dix, estava relacionada com a gripe suína. Interessante, contudo, é que Arnold Chanin, M. D., de Los Angeles, Califórnia, EUA, escreveu: “Conforme nós, no exercício da medicina, bem sabemos, a ‘gripe’ não é mortífera. As ‘500.000’ mortes relacionadas à gripe, nos Estados Unidos, durante a epidemia de 1918 eram, como têm sido todas as mortes relacionadas à gripe desde então, devidas a complicações, principalmente à broncopneumonia, a pneumonia por vírus e a outras formas de infecção das vias respiratórias inferiores.”
O Dr. Chanin se refere à morte do recruta em Fort Dix e afirma: “O jovem morreu de pneumonia por vírus.” Acrescenta: “O quadro total, aqui, não é de que a influenza pode matar, mas de que fatores múltiplos, combinados com a gripe, podem provocar a mobilidade e a mortalidade. Neste caso, a tríade era: exaustão devido à marcha, infecção da influenza, e pneumonia por vírus. Talvez tenha havido outros fatores que, por enquanto, ainda não foram revelados na imprensa.” — Medical Tribune (Tribuna Médica), 1.° de setembro de 1976.
Não se pode dizer, naturalmente, que uma epidemia de influenza não resultaria em mortes. Tem havido discordância entre certos cientistas quanto a se a pandemia de gripe suína irromperia durante aquela época da gripe. Mas, John Irvin, que dirige o programa de vacinação em Ohio, parece expressar um sentimento prevalecente, ao dizer: “É muito melhor fazer algo e estar errado, do que não fazer nada e se ver confrontado com terrível epidemia.” Assim, ao passo que havia proponentes e oponentes, o programa de imunização contra a gripe suína estava em andamento.

Será Perigoso Comer Agora Carne de Porco?

As autoridades afirmam que, se o vírus estiver presente, isso se daria apenas no tecido pulmonar do porco, e não na carne que os humanos comem. Também, o vírus seria destruído pelo cozimento, mesmo em temperaturas consideravelmente abaixo de 77 graus centígrados.

Quando e Onde Serão Dadas as Vacinas?

O programa de imunização contra a gripe suína, dos EUA, deveria começar em setembro e continuar até dezembro de 1976. As secretarias de saúde locais e estaduais tiveram permissão de determinar os locais e os horários da inoculação. As vacinas também seriam dadas por médicos particulares. A vacina estava sendo distribuída gratuitamente, embora certos projetos talvez solicitassem donativos. Os médicos particulares podiam cobrar a consulta ou por dar a vacina, mas os que o fizessem não teriam a proteção contra danos estabelecida pela legislação aprovada pelo Congresso dos EUA no início de agosto.

Quem Será Vacinado?

Michael White, lotado na divisão de gripe suína do Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar Social, explicou que a inoculação era recomendada em especial para as pessoas com mais de 65 anos, bem como para os com diabetes e doenças crônicas, pessoas com doenças cardíacas, pulmonares e renais. (Recomendava-se para elas uma vacina preparada para protegê-las contra tanto a variação Vitoriana como a da gripe suína, ao passo que outros adultos podiam receber uma inoculação apenas para a gripe suína.) Segundo White, os médicos não consideram que a vacina represente algum perigo para o feto no caso da gestante. A vacinação contra a gripe suína era recomendada para todos com mais de 25 anos, e apenas uma vacina era necessária. Para os mais jovens, uma vacina e uma outra injeção de reforço talvez fossem necessárias.

Possíveis as Reações Adversas?

Alguns não deviam tomar tais injeções. As pessoas febris não deviam tomá-las. Nem as pessoas alérgicas a ovos, pois poderiam apresentar urticária ou asma, ou talvez sofressem grave choque. Qualquer pessoa que ficasse imaginando se certo quadro clínico proscreve a injeção, deveria consultar seu médico pessoal.
Segundo Michael White, as reações à vacina podem incluir o braço dolorido e avermelhado em torno da parte onde se deu a injeção. Durante alguns dias, a pessoa talvez tenha febre de 37,8 a 40 graus centígrados. Reações adversas podem ocorrer em questão de 48 horas depois da inoculação, mas os testes alegadamente indicam que estes efeitos colaterais não são piores do que a própria gripe. White indicou que, em testes, apenas 1,9 por cento dos que receberam as inoculações ficaram com febre. Outra fonte declarou que não existe perigo de se contrair a gripe suína através da injeção, ou de se tornar transmissor da doença para outros, devido à vacina.
O Dr. Anthony Morris, ex-diretor da Divisão de Vírus Lentos, Latentes e Moderados, alegadamente empreendeu estudos sobre a hipersensibilidade. Em explicação, declarava um despacho noticioso de 29 de julho de 1976:
“Hipersensibilidade significa que, se uma pessoa tomar uma injeção antigripal e então ficar exposta à gripe, contrairá uma gripe mais grave do que teria contraído caso não tivesse, de forma alguma, tomado a injeção antigripal. . . .
“Apenas num estudo feito em 1968, 54 por cento dos que tomaram a injeção antigripal contraíram grave influenza durante a seguinte epidemia de gripe, ao passo que apenas 25 por cento dos que não tomaram a injeção antigripal contraíram a gripe.”
Os conceitos e as opiniões médicas variam, naturalmente. Em meados de agosto, a vacina contra a gripe suína já tinha sido testada em mais de 5.000 pessoas. Autoridades do Centro de Controle de Doenças relataram que os estudos indicavam que a vacina era segura e resultaria eficaz no caso da maioria dos adultos.
As seguradoras se dispõem a fornecer aos fabricantes de vacinas contra a gripe suína a cobertura contra perdas e danos neste programa. Mas, o Congresso dos EUA aprovou uma lei que especifica que todos os processos sobre danos, no âmbito do programa, devem ser feitos contra o governo federal. Este, por sua vez, poderá processar o fabricante da vacina, ou outro participante, da negligência que o processo inicial afirma ter havido.

Como É Fabricada a Vacina?

O vírus contido na vacina é cultivado em ovos de galinha. É por isso que as pessoas alérgicas a ovos não devem tomar vacinas contra a gripe suína.
Os processos dos laboratórios variam. Primeiro, contudo, cada ovo destinado para fins de vacina é examinado contra a luz, para certificar-se de que possua embrião vivo. Assim, a vida animal é um fator. Mas, o homem tem o direito de usar tal vida duma criatura para seu benefício. — Gên. 9:3, 4.
Em seguida, estes ovos de onze dias são inoculados com o vírus germinador. Depois dum período de incubação, os ovos são abertos mecanicamente, colhe-se o fluido alantóide, e usa-se formaldeído para matar o vírus. A produção da vacina é completada apenas depois de mais processamento. Talvez até 100 milhões de ovos férteis sejam necessários para a produção da vacina da gripe suína.

Devo Ser Vacinado Contra a Gripe Suína?

Planeja ‘enrolar as mangas e tomar a vacina contra a gripe suína’? Visto que a inoculação com tal vacina é voluntária nos Estados Unidos, as pessoas podem considerar os benefícios e riscos em potencial, fazendo sua decisão pessoal. Depois de pesar os vários fatores aqui considerados, o que fará?

Matéria da Revista Despertai 22 de maio de 1977. Enviado por Vicente Moreira.

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