31 agosto 2008

Como a fome afeta o organismo?

Quando a pessoa pára de se alimentar, deixa de fornecer ao corpo o essencial: energia garantida pela glicose. Como o ser humano tem sangue quente e precisa mantê-lo assim, todo o metabolismo depende do calor. São necessárias cerca de 1 700 calorias diárias só para manter o metabolismo para a produção dessa energia. Sem as calorias dos alimentos, o organismo automaticamente busca suas reservas, fazendo com que as células capturem e absorvam glicose e carboidratos do tecido gorduroso. Ou seja, o corpo literalmente começa a "queimar gordura" para se manter vivo. Após consumir toda a gordura, resta ao organismo retirar sua energia dos músculos. "O corpo é capaz de transformar sais e proteínas musculares em glicose", diz a nutricionista Mônica Inês Jorge, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP. "Nessa fase, a pessoa perde massa muscular até ficar, como se costuma dizer, pele e osso", afirma.
Com baixos índices de glicose – portanto, sem energia –, o cérebro também vai perdendo a sua capacidade de comandar o corpo. A pessoa sente tonturas, enjôos, náuseas e tem dificuldade para raciocinar. Ao mesmo tempo, quando percebe que tem pouco combustível para manter a máquina humana em atividade, o cérebro começa a enviar sinais para que cada órgão economize energia e passe a trabalhar menos. Resultado: caem os níveis da produção de substâncias fundamentais, como enzimas e hormônios. Na infância, a perda dessas substâncias retarda o desenvolvimento cerebral, com conseqüências irreversíveis. Na adolescência, a queda na produção de hormônios afeta o crescimento do indivíduo. Finalmente, se o organismo usar seus próprios recursos até o esgotamento e a situação de fome persistir, a máquina pára e a pessoa morre.

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